Rede Ecovida – Agroecologia com selo de certificação participativa

Rede Ecovida de Agroecologia

Região sul do Brasil

A Rede Ecovida de Agroecologia foi formada em 1998 a partir da necessidade de congregar forças e dar maior consistência política ao movimento agroecológico da agricultura familiar do Sul do Brasil. É formada por pessoas e organizações, incorporando agricultores, técnicos, consumidores e comerciantes unidos em associações, cooperativas, ONGs e grupos informais, todos baseados em princípios de respeito ao meio ambiente, solidariedade, cooperação, resgate da cultura local e valorização das pessoas e da vida. Poucos anos após a criação da Rede Ecovida, foi criada a Associação Ecovida de Certificação Participativa, esta mais especificamente voltada para a certificação e disponibilização de selo de produtor orgânico.

Contato

Endereço: Rua Francisco Hipólito Rolim, 317 , sala 1, Centro - Três Cachoeiras (RS)

Site: http://www.ecovida.org.br https://www.facebook.com/redeecovidasabordanatureza/?fref=ts

E-mails: circuito.ecovida@gmail.com

Descrição

Tanto a Rede Ecovida de Agroecologia quanto a Associação Ecovida de Certificação Participativa são formadas por grupos e por núcleos regionais, também chamados de “nós”, que reúnem membros de uma mesma região com características semelhantes para promover a troca de informações, certificação participativa e a dinamização do comércio justo. A Ecovida possui coordenações estaduais e uma coordenação de toda a Região Sul, porém, todas têm um papel secundário quando comparadas aos grupos e núcleos. Por isso, organizativamente, as ações da Ecovida estão baseadas numa rede multidirecional, com processos decisórios horizontalizados e descentralizados. Além da articulação em rede, a Ecovida esforça-se em construir um processo diferente de certificação denominado “Certificação Participativa em Rede” (CPR) que contrapõe ao modelo mais comumentemente realizado de auditoria por inspeção externa. Na certificação por auditoria, um inspetor de uma empresa terceirizada vai até a propriedade rural checar se as normas estão sendo seguidas. Na participativa, formam-se as chamadas Opacs (Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade), uma espécie de certificadora, porém composta pelos próprios agricultores, técnicos e consumidores de um grupo. A grande questão é incluir agricultores que não entrariam na certificação por auditoria, por conta do preço, da metodologia burocrática e da adaptação cultural. Além disso, na participativa são os próprios agricultores que visitam uns aos outros, podendo compartilhar ideias, conhecimento e se autoajudarem a resolver os problemas. Além dos produtores, na rede interagem técnicos e consumidores que participam do processo de certificação, inclusive em visitas às propriedades. Portanto, a ação de certificação participativa realizada pode ser definida como um processo descentralizado e de geração de credibilidade colaborativa e em rede, uma vez que respeita características locais e assegura a qualidade dos produtos por meio da participação e compromisso entre agricultores, técnicos e consumidores. Na relação com os mercados, a Ecovida resiste a se relacionar com as grandes superfícies comerciais (supermercados). Para superar os desafios de comercialização, mas procurando manter sua ética e finalidade social, um conjunto de organizações e grupos de agricultores ligados à rede resolveu buscar coletivamente alternativas e criou o Circuito Sul de Circulação de Alimentos da Rede Ecovida de Agroecologia, que vem desde 2006 procurando viabilizar uma comercialização solidária, seguindo os preceitos da Rede. O Circuito de Comercialização funciona com base em seis estações-núcleos, cada qual equivalendo a um núcleo regional da Rede Ecovida, e nove municípios representam as subestações-núcleo. As estações e subestações são pontos de reunião e distribuição dos produtos para a comercialização, alcançando, assim, tanto o campo quanto a cidade. A Ecovida promove, ainda, diálogos entre os grupos e núcleos, além de participar de movimentos sociais e espaços da Economia Solidária.

Objetivos

Ser um espaço de articulação, interação e ação para potencializar o desenvolvimento da agroecologia e aproximar, de forma solidária, agricultores e consumidores, como parte da construção de um projeto de sociedade que contemple e respeite a realidade de cada local, promova a autonomia dos agricultores, suas organizações e movimentos e empreenda uma transição rumo a um modelo de desenvolvimento alternativo.

Público-alvo

Pessoas físicas e jurídicas, técnicos, consumidores, produtores e comerciantes organizadas em grupos e articulados grupos regionais, associações, cooperativas, ONGs e grupos informais

Resultados

Atualmente, a rede conta com 27 núcleos regionais, abrangendo cerca de 352 municípios. Seu trabalho congrega, aproximadamente, 340 grupos de agricultores (abrangendo cerca de 4.500 famílias envolvidas) e 20 ONGs. A Ecovida se desenvolve, também, junto a um número crescente de consumidores que, nos últimos anos, têm se manifestado desejosos de aceder a produtos orgânicos.

Na avaliação de membros da organização, a criação e o desenvolvimento da Ecovida tem propiciado uma melhor organização da agricultura familiar no Sul do Brasil. A articulação entre as experiências, a troca de produtos e informações, a construção e acesso dos agricultores a um processo de certificação mais adequado regionalmente e metodologicamente, com custos mais baixos, têm trazido inúmeros benefícios sociais, econômicos e culturais ao público participante. Na avaliação de Oscar Rever, em seu campo de atuação, a Rede produz resistências e enfrentamentos com o modo de produção agroquímico/convencional e suas formas de organização verticalizadas/diretivas, com mecanismos de comercialização que afastam quem produz de quem consome e que geram um distanciamento e alienação a respeito das dinâmicas produtivas (fonte: http://revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/viewFile/1044/239)

Do ponto de vista das políticas públicas, torna-se necessário lutar pela ampliação e consolidação das políticas públicas voltadas para a comercialização da agricultura familiar agroecológica. Programas de compras institucionais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) são importantes mas precisam ter seus formatos aprimorados para dialogar com o modo de vida dos agricultores. Também é necessário construir novos programas de acesso ao mercado institucional, como é o caso do Programa Nacional de Alimentação Escolar do Ministério da Educação (PNAE/MEC).